Jesus já ensinou e curou quem encontrou pelo caminho e nas sinagogas. Agora, vê a multidão que espera a salvação, que é a destinatária da missão dele, toda reunida ao seu redor. Então, ele sai da cidade e sobe ao monte.
Sempre, o cume da montanha como símbolo da proximidade com Deus. A altura dá a visão do Horizonte, o que ajuda a tirar a visão do dia-a-dia e a expandir.
No livro Sapiens, é dito que o ser humano sempre buscou a proximidade dos rios, lagoas e mares porque se sente mais seguro quando vê o Horizonte, e não está mais no meio da “mata”, onde pode ser atacado inesperadamente. Nos dias de hoje, a mata é de alvenaria e os ataques são dos problemas das cidades, que ocorrem a todo instante.
O “reino dos céus” como descrição do lugar em que viveremos eternamente. É o mesmo que dizer “a eternidade”. Quem alcançar o Reino, viverá eternamente.
A Eternidade é dos pobres de espírito.
Mas “pobre de espírito” dá a entender que é aquele que não possui virtudes, mas tem a mente obscura para a espiritualidade. Deles, é a Eternidade? Aqui, Jesus vem consolar com a Verdade os que são oprimidos e sofrem. Alguns acham que os pobres são amaldiçoados por Deus, mas Jesus esclarece que não. Eels são apenas oprimidos pelos outros, que buscam a satisfação da Terra acima do amor pelo irmão. Mas eles têm a garantia da Eternidade, se crerem, e serão eternamente satisfeitos.
“Mas tem gente que é pobre porque quer”, podemos pensar. Mas quando abrimos a visão sobre a sociedade, vemos disputas de poder, sociedades que valorizam o crescimento financeiro pessoal e o prazer e não se dedicam aos problemas dos prejudicados com isso. Muitas informações nem chegam aos mais pobres.
Não precisa nem pensar tão amplamente para entender a opressão. Até mesmo dentro das empresas e instituições, claramente, se vê que nem todos têm acesso a todas as informações. Sempre são formados grupos políticos internos, que lutam pelo poder. As informações são filtradas para quem está fora dos grupos, para que os mais fortes politicamente continuem sempre liderando os demais. Assim também ocorre na sociedade como um todo. “Ah, mas todo mundo pode crescer politicamente, basta se esforçar pra isso.”, podemos pensar. Mas no dia-a-dia sabemos que isso não é fácil.
Sempre haverão essas divisões, por conta da própria forma de pensar das pessoas, que ainda não entendem a vida como Jesus vem ensinar. Ainda estão presas a ilusões.
Os governantes, que são os poucos voluntários vindos do povo e escolhidos pelo povo para trabalhar na causa comum, não se preocupam com a educação e bem-estar dos que mais precisam, e os mais beneficiados financeiramente, vendo que o Estado não o beneficia, recorre aos serviços particulares, em vez de lutar para que todos tenham bons serviços.
Grandes populações, que vivem em favelas e lugares pobres, descendem de empregados dos ricos e poderosos.
Sim, todos podem mudar essa realidade, mas os pobres padecem por uma questão de filosofia de vida da sociedade, que pode ser mudada.
Essa filosofia só pode ser mudada quando refletimos com maior profundidade sobre a vida, sobre a Eternidade, sobre a nossa vida espiritual e sobre o sentido de estarmos todos aqui.
Jesus sabe que esses ensinamentos não foram passados nas gerações anteriores de forma plena, logo, não resolviam os problemas da sociedade como deveriam. E é por isso que muitos padeciam e padecem.
E Jesus sabe que os que o procuram são estes, os que mais padecem e sofrem. Por isso, já começa o seu discurso os consolando.
Os mansos herdarão a terra, porque eles quebram o ciclo de luta pelo conforto pessoal supérfluo, e, consequentemente, pela riqueza e pelo poder. Então, eles são os que não causam guerra nem oprimem ninguém, mas suportam tudo em paz para não prejudicar ninguém, nem mesmo os opressores.
Agindo assim, eles ensinam a Vontade de Deus aos próximos e às próximas gerações e criam um ciclo positivo. Os próprios descendentes dos opressores mudam a direção dadas pelos seus antepassados quando aprendem com os exemplos dos mansos.
Há vários exemplos de pessoas que vieram de famílias poderosas e não dão prosseguimento aos seus empreendimentos, mas se entregam à vida missionária ou a trabalhos que transformam a vida dos outros positivamente.
Logo, os mansos são os líderes que representam a Vontade de Deus. Por isso, são herdeiros da terra. Serão recompensados por Deus pela execução plena do Seu projeto.
Os que precisam muito da justiça vão tê-la, plenamente, na Eternidade. Porque, na Terra, cada um tem a própria noção de Justiça
Quando olhamos a sociedade como um todo, nós vemos que essa Justiça que achamos que fazemos, não é, de fato, Justiça. Se a minha vida é boa e a do meu próximo é sofrida, a minha Justiça é falha.
E é normal que não exerçamos a Justiça plenamente, porque não entendemos bem a nossa passagem pela Terra. Não temos bem consolidada a ideia de que somos amados pelo Criador, desde que somos trazidos à existência, neste mundo. É difícil entender que tudo neste mundo é um presente de Deus e que nada é nosso.
“Mas eu lutei para conquistar as minhas coisas”, podemos pensar. Mas quem nos deu uma família que talvez já tenha tido acesso a uma educação que outras não tiveram? Foi um presente.
“Mas a minha família não tinha nada, e eu conquistei as minhas coisas”. Mas como foi essa conquista? Com certeza, nós tivemos algum estímulo, desenvolvemos dons, conhecemos pessoas que ajudaram. Informações chegaram a nós. Até a situação ruim da família inspirou a nós mesmos para o crescimento e motivou outras pessoas a nos ajudar. Tudo presente de Deus.
Os nossos dons são presentes de Deus. Então, como somos amados! E a vida eterna, então? Será um presente considerável? Só uma visão assim vai trazer ao mundo a real justiça, nós só teremos a plena visão de tudo isso quando vermos o mundo espiritual com clareza.
Essa visão também é presente de Deus. Boa parte de nós, mesmo os crentes, só vai exercer a justiça plenamente quando estiver no Reino dos Céus. Então, Jesus já nos consola. Só lá, seremos plenamente saciados.
Pai, que nós vivamos cada vez mais próximos de Ti, para podermos nos sentir amados e entendermos cada vez melhor o Teu Projeto, para sermos também, mais justos.
Os misericordiosos alcançarão misericórdia. Misericordioso é o que ajuda o próximo a ter o seu sofrimento amenizado. Assim, ele age como Deus age e como todos iremos agir na Eternidade. Logo, ele já está em comunhão com Deus e se tornando pronto para a Vida Eterna.
Os puros de coração verão a Deus. Nós já sentimos um pouco disso na Terra. Quando estamos com emoções negativas, em ambientes de pecado, rivalidades e ódio, sofremos mais. Quando estamos com as emoções mais puras, em bons ambientes, sentimos mais o amor e a presença de Deus. Isso vai ser pleno nos céus.
Os que promovem a paz, que são os mansos, todos serão filhos de Deus na Eternidade. Já são na Terra, mas ainda não se sentem assim completamente, por estarem em meio ao pecado. Na Eternidade, serão filhos que verão e viverão com o Pai plenamente.
Os perseguidos pela Justiça também estarão no reino dos céus. Aqui, há uma polêmica. Jesus fala, de novo, da justiça humana, que não é plena, mas fruto da visão de justiça de cada um, dos pecadores que querem o máximo benefício para si e não aceitam os que os contrariam.
Obviamente, Jesus não está dizendo que eles não erraram. Mas que deveriam ser perdoados, quando pedissem perdão genuinamente e passassem a seguir as virtudes ensinadas por Jesus, viver com Ele.
Porque todos nós erramos. Como diria o filósofo Focault, quem prende também é preso, porque precisa se preocupar com a prisão.
O ideal seria se todos tivéssemos uma boa formação moral, boas condições de vida e vivêssemos intimamente com Jesus e seus ensinamentos.
Mas, repetindo, essa justiça não é plenamente entendida na Terra. Jesus, porém, assegura que tudo vai ser melhor entendido nos Céus.
Quando sofremos por buscar e lutar por causa das coisas do Pai, para a glória Dele em Jesus, estamos tendo é sorte. Somos sortudos, porque, claro, somos escolhidos por Deus para a Sua Missão.
Jesus diz para nós nos alegrarmos nessa situação e exultarmos, ou alegrarmos aos outros, porque, na Eternidade, vamos entender a missão plenamente e colher frutos para sempre.
Ele lembra que os próprios profetas, e podemos também pensar que muitos santos, passaram por isso, e nós mesmos, já aqui na Terra, entendemos as missões deles completamente depois que eles se vão e ficamos maravilhados com ela. Aprendemos muito.
Então, a própria vida dos profetas e santos nos mostram que o sofrimento, quando seguimos Jesus, não é nada além de insumo para o nosso sucesso, para que os que virão depois aprendam conosco, e a nossa alegria vai ser sem fim, eternamente, por tudo que fizemos e passamos.
