Não Servir a 2 Senhores e os Lírios do Campo – Mateus 6, 24

Não servir a 2 senhores e os lírios do campo

Ou vou amar, servir e me ligar a Deus ou ao Dinheiro. Jesus cita esses três verbos juntos. Um é consequência do outro. 

Quando eu amo, eu sirvo, e quando eu sirvo, me ligo. E a ordem dos fatores pode ser alterada sem alterar o resultado final. 

A cada instante da minha vida, eu tenho que escolher entre esses dois. Então, quando eu não estou amando, servindo e me ligando a Deus, eu estou fazendo tudo isso para o dinheiro. 

O amar, servir e me ligar a Deus não se dá só quando eu oro, louvo e vou à Igreja, mas em todos os momentos em que eu busco dar a glória a Deus, executando bem o seu projeto junto aos meus irmãos e também nos momentos em que eu estou me preparando para fazer isso, lendo ou absorvendo coisas de Deus de alguma forma, ou descansando com o pensamento em paz. 

Portanto, o amar, servir e me ligar a Deus se dá na ação, no preparo para a ação e no descanso que decorre da ação. 

Nesse amar, servir e me ligar a Deus, eu faço a vontade Dele acima da minha vontade. Faço coisas para a glória Dele e não para a minha glória.

Isso não quer dizer que a minha vontade não pode ser convergente com a vontade do Pai nem que a minha glória também se dê quando eu busco a glória para Ele. 

Pelo contrário, é claro. 

É exatamente isso que o Pai quer, que as nossas vontades sejam iguais ou complementares. 

Quando isso acontece, tudo o que eu peço, eu recebo. Porque Deus só concede o que é da Vontade Dele. Então, quanto mais a minha vontade se alinha com a Dele, mais chances eu tenho de receber. Então, eu sou muito mais abençoado e feliz. 

E quando eu não faço a vontade do Pai,  obviamente, não o sirvo, não o amo e não me ligo a ele. As nossas vontades não estão alinhadas. Então, nem tudo que eu peço, eu recebo. Eu tomo sustos na minha vida. Sou surpreendido negativamente. Frustro-me. As coisas dão errado e eu não sei por quê. Sou menos abençoado e mais infeliz.

Quando eu não estou fazendo a vontade do Pai, eu estou fazendo a minha vontade. E a minha vontade é sempre buscar o prazer e fugir da dor. 

Para isso, eu preciso de conforto, amizades e relacionamentos afetivos dispensáveis, superficiais. 

Preciso de bens, não só para me manter vivo e seguro, mas para garantir que não vou perder as amizades e relacionamentos superficiais. Os bens têm custos tanto financeiros quanto do meu tempo. Tenho que manter os bens. Dá um trabalho danado. 

Preciso de eventos, roupas e conversas sobre estes eventos. Preciso organizar fins de semana, férias e datas especiais, além do dia a dia. Preciso focar no trabalho para poder manter tudo isso. Preciso estudar mais e mais para não correr o risco de ficar sem tudo isso. 

Isso quer dizer que eu estou perdendo bastante tempo fazendo a minha vontade acima da vontade de Deus. 

É por isso que Jesus fala sobre os lírios do campo. Eles têm tudo que precisam, sem se preocupar. Jesus garante que é assim comigo também. Que difícil de conceber isso na minha mente. 

Então, é assim. Eu posso ficar no campo, andando ao vento, fazendo tudo o que eu nasci para fazer para Deus, como o Lírio, sem me preocupar com nada? Nem me preocupar com a duração da minha vida? 

Como isso é difícil. Eu sou apegado à idéia de viver até perto dos cem anos. É a meta de todo mundo e eu aprendi que isso é o certo. O quanto eu puder fazer pra isso acontecer, eu faço. E pra isso, eu preciso fazer mais a minha vontade do que a vontade de Deus, muitas e muitas vezes. 

Mas Jesus me ensina com a própria vida Dele que não deve ser assim. Na verdade, não é assim, independentemente da minha vontade. Eu posso ir embora hoje mesmo. Todo ser humano sabe disso, mas se ilude e quando o tempo de vida dele ou de um próximo dele acaba, fica frustrado. Ficamos frustrados com o que é mais previsível que tudo. 

Jesus me diz que eu deveria ficar triste é com uma vida onde eu não faço a vontade de Deus, não O amo e não me ligo a Ele. Porque, assim, é que eu, com certeza, não vou passar dos cem anos. Eu só posso passar disso se eu servi-Lo, amá-Lo e me ligar a Ele. Aí viverei eternamente. O meu foco deve ser a Eternidade. 

“Não vale a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que as roupas”? Senhor, vale. Perdoe-me, mas é que eu achava eu precisava buscar o alimento pra ter vida e buscar as roupas pra manter o meu corpo protegido, me manter amado e respeitado. 

Pai, eu vejo as pessoas que não trabalham, que não buscam o alimento nem as roupas mas vivem da Providência Divina e só de pensar em viver assim me dá um frio na espinha. Porque a Providência se dá por meio de outras pessoas. Logo, se eu viver da providência, eu vou precisar mendigar para outras pessoas. Dificilmente, eu vou receber alimento se não for assim. 

Mas eu entendo o que Tu estás me dizendo. Quando eu pratico a mendicância, e peço a um irmão, ou me mostro pronto para receber a ajuda dele, como ele e eu pensamos neste momento? Que ele é melhor do que eu. Que eu sou mais frágil e vulnerável e preciso dele. Que ele é mais abençoado, então, ele é mais amado por Deus do que eu. Pensamos que ele pode me dar conselhos e eu não para ele. Achamos que ele deve orar por mim e não eu por ele. 

Pai, o que nós menos pensamos é que ele é eu e eu sou ele. Que a providência não vem de um nem de outro, mas de Ti. Que tudo o que ele é eu temos vêm de Ti. Que nós dois somos fortes e também vulneráveis e dependentes de Ti. 

Por mais que eu pense isso agora, lendo a Bíblia, no momento em que eu estiver livre como o lírio do campo, vivendo da piedade dos meus irmãos, provavelmente, eu n ou me sentir bem. Não com a cabeça que eu tenho hoje. 

“Os pássaros não semeiam, não colhem, nem ajuntam nos celeiros”. Jesus, agora, na Sua sabedoria, foi mais longe do que quando me ensinou sobre não buscar os tesouros desse mundo. Até aí já estava difícil, mas agora Ele me diz que eu não preciso nem semear nem colher. Não preciso trabalhar. 

“Nem Salomão, em toda a sua riqueza, se vestiu tão bem quanto os lírios dos campos”. Então, Jesus me diz que mesmo sem trabalhar, sem me preocupar com a minha subsistência, eu posso ser, como os lírios são, mais rico do que Salomão. 

“Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhe serão dadas”. Aqui, há uma dúvida. “Em primeiro lugar” parece me dizer que eu posso buscar as coisas desse mundo, a minha vontade, só não em primeiro lugar. 

Mas se eu pensar bem, quando eu vou alcançar o reino de Deus e a justiça Dele? Provavelmente, vou levar a vida toda buscando isso. Portanto Jesus me diz pra buscar o Reino e a Justiça e esquecer do resto. O que eu precisar, vai ser dado a mim. 

Essa é a fé do missionário. A fé do sacerdote. É a fé que eu almejo. 

“Não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã vai ter as suas preocupações”. Então, posso dormir em paz. 

“A cada dia, basta o seu mal”. Então, o mal é parte do dia. Eu preciso me acostumar com ele. E não me preocupar com o mal do dia seguinte. Ele, provavelmente, virá e eu estou com Deus para superá-lo e chegar ao céu. É pra isso que eu existo, inclusive: pra vencer o mal de cada dia com o Pai. 

Hoje, eu não consigo viver como Jesus me propõe, como os pássaros e os lírios, como os sacerdotes e missionários dedicados, que vivem da Providência, nem mesmo como os que praticam a mendicância nas ruas. 

Mas eu me proponho a buscar o Reino mais do que qualquer outra coisa. E tenho fé de que o Pai vai me fazer realizar cosias que hoje eu nem imagino. Ele é o Senhor e todo o universo obedece à sua voz. Ele vai me tornar santo. Não é pelo meu braço. Mas é porque ele me prometeu. 

Se Jesus me mostrou que isso é possível, é a Verdade. Eu confio Nele e vou meditar nisso até que eu seja este novo homem. 

Vou buscar servir, amar e me ligar a Deus mais do que ao mundo. Esse é o caminho que ele me ensina. 

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