O Jejum
Jesus me diz para fazer o jejum, do Antigo Testamento. Ele diz que o Pai me retribuirá por fazê-lo. E pra que Ele me retribua, devo fazer isso sem parecer aos outros que estou jejuando.
A Bíblia acrescenta : só Deus pode ver a conversão real do meu coração.
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O tesouro junto a Deus
Não devo ajuntar tesouros na Terra, mas somente no Céu. Um dos maiores desafios que Jesus me faz.
Quais são os tesouros da Terra? Tudo o que pode se depreciar ou ser roubado. Nossa! Aí entra a casa, o carro, as roupas, calçados, brinquedos, enfeites, eletrônicos.. tudo!
De material, eu devo manter comigo só o que me é útil agora ou com muita frequência, a ponto de eu poder conservá-lo, para que não se deprecie completamente, como quando é consumido pela traça ou pela ferrugem.
Jesus nos dá o seu próprio exemplo: só tinha uma roupa e um calçado, desde que iniciou a sua missão. Talvez, também, alguns acessórios básicos, como um cantil.
Talvez, antes de iniciar a sua missão, aos 30 anos, Jesus até tivesse mais coisas, já que trabalhava com carpintaria e, por isso, precisava de ferramentas e materiais, além de lugares para guardá-los.
Então, eu entendo que Jesus me diz para manter apenas aquilo que me serve imediatamente ou com frequência. Esse é o parâmetro para manter ou me desfazer de algo.
Tenho roupas que não preciso com frequência? Móveis? Eletrodomésticos? objetos de decoração?
Tem coisas na minha casa que nem são úteis, mas estão lá só para mostrar que eu já trabalhei e pude comprá-las? Só para manter a aparência da casa dentro dos padrões de uma casa da minha época? Para mostrar o meu nível social?
Há coisas na minha casa que poderiam servir a outras pessoas? Eu não poderia dar ou emprestá-las?
O meu meio de transporte é maior do que seria necessário para mim ou para a minha família? A quantidade deles é maior do que o necessário?
Tudo isso, caso não passe no critério dado por Jesus, precisa ser doado ou ser disponibilizado para o uso de outras pessoas.
Mais tarde, Jesus vai me dizer para dar às que mais tem necessidades.
Eu preciso manter esse olhar crítico sobre as minhas posses e doar o máximo de coisas possíveis todos os dias.
São dois os motivos para isso :
O primeiro motivo, dito por Jesus aqui, é que quando eu mantenho coisas materiais, eu mantenho a minha atenção, o meu coração, nelas.
Eu vou ter que protegê-las, fazer pagamentos, parcelamentos, resolver problemas com o crédito, com o banco, fazer manutenções, pesquisas de profisionais para isso, resolver problemas com as manutenções, talvez, ter até problemas judiciais, comprar peças.
Essas coisas tomam espaço na minha frente, distraindo a minha vista e a minha consciência. Dão até uma falsa sensação de segurança, que eu só teria mesmo pensando e realizando as coisas de Deus.
O segundo motivo para manter esse olhar de doação, é que, fazendo isto, eu mantenho um controle maior sobre o meu egoísmo, o meu egocentrismo, e, em contrapartida, aumento a minha caridade, a minha compaixão e misericórdia pelo próximo.
Para doar, eu preciso buscar o próximo. Quando eu o encontro, vou ver que ele tem diversas necessidades além daquela que eu já estou satisfazendo. Isso vai me levar a pensar em ajudar mais.
Fazendo isso com frequência, com várias pessoas diferentes, eu passo a entender melhor necessidades que as pessoas têm em comum. Passo a saber onde estas pessoas estão, quais características elas têm em comum.
E, com isto, eu passo a me tornar capaz de criar soluções maiores, que resolvam necessidades em uma escala maior.
Por exemplo: se eu sempre dou pequenas coisas a pessoas que eu encontro nos semáforos por onde passo, com o tempo, eu posso observar que todas elas estão muito expostas ao sol e posso pensar em doar, também, guarda sol e garrafas d’água de 20 litros com bombas de sucção.
Com o tempo, eu posso buscar, na Internet, soluções mais baratas e que possam ajudar mais gente de cada vez.
Pensando melhor, eu posso buscar outras formas dessas pessoas se manterem, sem estar nos semáforos. Posso falar com alguém para doar um terreno para construir um ponto de vendas para muitas pessoas trabalharem. Posso pedir anistia de impostos e outros benefícios à prefeitura. Posso envolver empresários nessa solução, gerando renda para eles e melhorando a vida destas pessoas.
Portanto, aos poucos, eu vou tendo idéias cada vez maiores e melhores, e me tornando melhor e mais forte.
Para isso, eu preciso fazer a caridade constante. Não reter as coisas que não preciso. Doar tudo o que eu conseguir.
Ora, essa é a fórmula que gerou muitos santos. Hoje, nós vemos as suas grandes obras prontas. Mas eles partiram do zero, simplesmente com um princípio em mente. Este princípio é ensinado aqui por Jesus. Grandes santos nasceram por entender bem o simples e belo princípio da caridade.
Temos uma segunda parte nesse raciocínio com os tesouros.
Além de não ajuntar tesouros na Terra, o que vou fazer por meio da caridade e desapego material, Jesus me ensina a ajuntar tesouros, sim.
Jesus não quer me ver sem tesouros. Nem o Pai. Pai é pai!
Mas Jesus me ensina a olhar mais adiante: essa vida na Terra não é nada perto da Eternidade do Céu.
Ele quer abrir os meus olhos que são humanos, limitados, para um tesouro muito maior do que os da Terra.
Mas tem um detalhe aí: o Reino dos Céus, eu não vejo, pelo menos no início da minha vida espiritual. Já a Terra, não só é palpável como seduz os meus cinco sentidos de manhã, de tarde e de noite. O tempo todo.
Então, como eu vou começar a acumular tesouros no Céu e me manter fazendo isso por toda a minha vida?
Sim, porque eu vou ter que ajuntá-los. Não é opcional. Ele me diz que eu tenho que fazer isso. Porque onde estiverem os meus tesouros, vai estar a minha atenção, a minha dedicação, o meu coração, a minha vida. Eu só vou poder ir ao Céu se o meu coração estiver Nele.
É claro que Jesus me fala que estes tesouros são os ensinamentos Dele e a prática deles.
Mas como eu vou ter segurança suficiente para não querer mais nenhum tesouro da Terra e buscar sempre os do Céu?
Eu posso conseguir fazer isso um dia por semana, talvez por mês. Mas sempre, todos os dias, como eu vou me manter nesse pensamento? O que pode me motivar?
Muita gente deve ter essa dúvida. Não é fácil largar o mundo material. Até porque os que não tem nada no mundo material, eu entendo que são carentes. Até a Bíblia me mostra isso. São necessitados, precisam exercer a mendicância, se sujeitar ao julgamento e à ajuda dos irmãos.
Mas para me ajudar, no sermão da montanha, Jesus já me disse que estes, que não tem nada e se sujeitam à mendicância, estes é que são os sortudos, ou bem-aventurados. Deles é que é o Reino dos Céus.
Eu já ouvi de pregadores, há uma linha de raciocínio nesse sentido, que o Pai quer me dar tudo o que eu desejo. Quer que eu seja próspero de coisas da Terra. Isso me deixa tão feliz! Então eu posso continuar com os meus tesourinhos. Coitado do meu irmão que não tem. Ele precisa orar mais.
Mas aqui, Jesus me ensina o contrário. E esse ensinamento é difícil de engolir.
Como eu posso não querer o que o mundo me oferece, se no rádio, na TV, na Internet, na escola, no trabalho, em todos os lugares, todos nós aprendemos que devemos desfrutar dos tesouros do mundo?
Eu já vejo e ouço isso há 42 anos. A minha mente está impregnada do contrário ao que Jesus me ensina. E agora? Como eu posso mudar isso?
Pra mim, só tem um jeito. Eu preciso, PRECISO, ter a certeza de que existe o Reino dos Céus. Não de que eu vou descobri-lo, um dia. Não, eu preciso ter certeza agora. Nossa! Tudo isso vem do ensinamento sobre os tesouros. Provavelmente, eu vou pensar nisso o tempo todo, lendo o Evangelho.
O Evangelho, no fundo, me diz que não tem jeito de a minha vida continuar sem a vivência religiosa profunda, todos os dias. É daí que vem, na Verdade, os tesouros do Céu.
Os ensinamentos do Evangelho são o tesouro mais fácil de pegar. Apesar de muitos nem o pegarem. Eles são as frutas mais baixas da árvore de Cristo. Mas, quando eu as como, Ele me mostra as frutas mais altas, na direção do topo.
Esse é o caminho percorrido pelos Santos. Se nós ouvirmos o que dizem os santos, vemos que há diversos frutos gerados pelo Evangelho. O Evangelho se multiplicou.
Não tem outro caminho. Preciso me aprofundar na vida espiritual, cada vez mais. E pra isso, preciso ceder da vida da Terra. Dá medo. Dá um frio na espinha. Vai de encontro a tudo o que eu acho que eu sou, que me foi ensinado e que eu mesmo reforcei na minha mente por tantos anos.
O lado bom: eu não sou o primeiro ser humano. Muitos, são os exemplos. Então, eu preciso me aprofundar. Preciso olhar para aquele que já conseguiram. Preciso segui-los e não mais seguir os que eu seguia. Precisa ser disruptivo.
Eu preciso conhecer profundamente Jesus. Também, a Sagrada Família. Os Santos. Ouvir o que eles disseram. Os líderes religiosos. Os papas. Os grandes do Antigo Testamento.
Preciso criar relacionamentos com o mundo espiritual. Principalmente, a santíssima trindade. Sagrada Família. Anjo da guarda.
Quanto que eu tenho que me dedicar a isso? Penso que o suficiente pra me dar segurança para abandonar o mundo material. Já que eu não sei quanto tempo, vou viver, talvez tenha que dedicar todo o meu tempo.
Esse é o caminho dos sacerdotes, das freiras, daqueles que estão em clausura, dos eremita. Eu os entendo.
É Jesus que me mostra esse caminho. Eu preciso colocar aí o meu coração.