Tentação a Jesus no Deserto Mateus 4,1-11

Depois do batismo, Jesus é levado pelo Espírito Santo ao deserto. De novo, o deserto como busca espiritual e lugar de provas. 

Jejuou por quarenta dias e quarenta noites. O jejum era um costume judeu, iniciado pelos profetas, como Daniel. 

Daniel Jejuou para não desfrutar da comida do rei humano, e foi agraciado por Deus com os dons necessários para a sua missão.

Jesus também precisava fazer o mesmo para a sua missão acontecer. Os profetas são alusões ao próprio Jesus, para que todos entendessem a lógica de Deus nas missões de redenção da Humanidade. 

Jesus também estava mostrando que renunciava aos benefícios do mundo.

É polêmico, esse ponto. Muita gente acha que a ida ao deserto era só pra oração, e que não precisamos renunciar ao mundo para fazer o apostolado, mas apenas orar. 

Mas me parece que Jesus mostra que é preciso renunciar, sim. Mas, cada um, ao seu tempo. Jesus já tinha 30 anos quando o fez e tinha sinais claros do Pai de que já era a hora. Não havia outro caminho pra Jesus. 

Oro a Deus para me mostrar os sinais claros da hora da minha renúncia completa ao mundo. Já tive vários, e a renúncia está se dando gradativamente, mas não ainda a completa, como Jesus ensina. 

Também não é claro, aqui, se essa renúncia é para todos os cristãos ou para os que tiverem a vocação ao apostolado. Mas fica claro que nós precisamos renunciar o suficiente para poder ter, pelo menos, uma vida de oração. 

Também fica claro que o nosso deserto é dado pelo Espírito Santo e tem o objetivo de nos santificar. 

No jejum, Jesus se entrega completamente à providência divina. Mostra total confiança. Ele sabe que, mesmo sem ter nem o que comer, vai viver. 

Mas o diabo vem dizer que não, que ele precisa de comida, de conforto. Precisa abandonar a sua reflexão e oração profunda e voltar à vida que todos levam. 

O pão é símbolo de tudo o que temos de material para sobrevivermos, para termos conforto e evitarmos a dor. 

Aí vem um ponto polêmico. Tudo isso, o pão, é dado por Deus. Então, alguns dizem que se Deus dá, ele quer que nós tenhamos tudo. 

Isso também é verdade, mas Jesus mostra que, mesmo quando não temos o pão, Deus está conosco e nós estamos no caminho que o Espírito preparou para nós, também, mesmo sem o pão. É o deserto, que vai nos santificar. 

Jesus diz que nós não vivemos só do pão, mas da Palavra de Deus também. Ora, se o Espírito o levou ao deserto era porque ele precisava mais da Palavra de Deus. Que coisa linda! Assim, também é com a gente! Eu não entendo o deserto, muitas vezes. Acho que é uma fase ruim, que é uma repreensão pelos meus pecados, que estou nele porque eu não estou com Deus. 

Mas Deus quer me dar mais da Palavra Dele. E ele precisa que eu renuncie o mundo para que eu ouça. Ele me faz ir ao deserto. Às vezes, ficamos sós porque as amizades já não fazem sentido, nem os relacionamentos afetivos, nem a família, nem outras coisas dadas por Deus, mas que nos impediam de ouvir a Deus. 

Deus não quer que nós não tenhamos pão. Ele dá o pão e vai dar tudo isso novamente quando for a hora. Mas tudo isso aconteceu para irmos ao deserto. Porque precisávamos dele. 

O diabo quer nos mostrar que não, que nós precisamos do mundo a todo instante, que somos dependentes dele, que vamos morrer se não tivermos o pão a todo instante. 

Mas nós precisamos do deserto. Para rever atitudes. Rever os relacionamentos. Para transformarmos as nossas vidas. Para se desenvolver. Des-envolver. Não se envolver. 

Tudo isso para que cumpramos o nosso propósito segundo a vontade de Deus. 

Então, como é bom, o meu deserto e eu vou vivê-lo com alegria! Até que eu esteja pronto e comece a dar novos e bons frutos. 

Lembrando que ele é uma fase para que eu me volte a Deus. Isso é fundamental. Sem isso, o deserto não vai ter sentido e o diabo vai vencer fácil. Ele vai me convencer a depender do mundo e ser jogado de um lado para o outro sem entender a Verdade, sem saber pra que estou vivo, e isso, vamos ser sinceros, é uma loucura. É óbvio, sem Verdade, resta ilusão. E ilusão leva à desilusão. 

O deserto é necessário para que eu saia da ilusão para a Verdade. 

Peço ao Espírito Santo que me conduza ao meu deserto e estando nele, para que eu esteja com Deus e dê bons frutos, conforme a vontade Dele. 

E sei que Ele já o faz, antes mesmo que eu pedisse. Ele me leva a refletir agora sobre o que Ele já faz. Então, agradeço imensamente por isso e pelo meu entendimento, mais claro, agora. 

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O diabo levou Jesus do deserto à Cidade Santa – Jerusalém. Fisicamente? Em visão? Não sabemos.

Ele manda que Jesus teste se é Filho de Deus, se jogando do alto pros anjos carregarem, mas Jesus se nega, pois não podemos ficar testando Deus. 

Assim, vemos que, mesmo sendo filhos de Deus, e mesmo estando em missão no nome Dele, precisamos ter prudência. O diabo vai nos tentar para ir além do que devemos, para, se não der certo, nós nos convencermos de que Deus não está conosco. 

A tentação do diabo pode fazer sentido até mesmo com base em uma parte da Bíblia. Então, como saberemos se ele está usando a própria Bíblia como argumento para nos tentar? 

Pelo que vemos na tentação a Cristo, o diabo manda fazer coisas que não geram frutos para Deus, não acrescentam em nada no Seu Projeto para nós e para o mundo. Assim, podemos identificá-lo. 

Mas se o diabo mesmo usa as Escrituras como argumentação, Jesus mostra o quanto é importante a conhecermos profundamente para reconhecê-lo e se livrar dele. 

Por fim, o diabo oferece todos os reinos do mundo e sua riqueza, se Jesus o adorar. 

Aí vemos três coisas importantes: poder, riqueza e escolha de adorar a Deus ou ao diabo. 

Jesus sabe que tem coisas a fazer para Deus, assim como eu também sei sobre mim. E tem coisas que só Jesus pode fazer, assim como é comigo também. 

Mas o diabo me tenta a não fazer essas coisas, e buscar o poder e a riqueza, e prestar culto a ele. 

Quando ouço sobre culto, penso em se postar à própria imagem do diabo, glorificá-lo e bendizê-lo. Essa é uma das formas de culto, que muitos fazem, e o fortalece. 

Mas entendo que a própria escolha da busca pelo poder é riqueza já é culto ao diabo. Porque se Jesus aceitasse essas coisas, o seu tempo para a missão seria reduzido, além de chegar a momentos em que haveriam conflitos entre manter o poder e fazer o que Deus quer para ele e para o mundo. Conclusão: a vontade de Deus sobre Jesus e sobre o mundo não seria feita. 

Imaginemos os amigos e discípulos que Jesus atrairia. Não seriam pessoas com fé profunda, muito menos, mártires. 

Os discursos de Jesus não teriam efeito algum, pois o exemplo dele não iria converter a todos. Se ele buscava o conforto e as coisas desse mundo, como ensinaria para alguém a dar tudo ao pobres e segui-lo? A amar ao próximo como a si mesmo? Só se tornasse o próximo rei também pra que isso fosse verdade. 

Essa é a diferença entre quem converte as pessoas, verdadeiramente, ao Evangelho, e quem apenas fala do Evangelho. Está no exemplo da sua própria vida. 

Pra que eu converta os irmãos, preciso ser forte e feliz sem as coisas do mundo. Porque quando eu for assim, é porque já terei certeza da Verdade e da vida eterna. Essa é a prova dos 9. Quando acontecer, eu posso agradecer a Deus. Já aconteceu. E todos que me verem serão convertidos facilmente a buscar o mesmo. 

Mas eu tenho um caminho para isso, e sou grato a Deus por poder vê-lo, quando ouço as Suas Palavras. 

A cada dia, preciso abandonar mais a busca pelo poder, pela liderança, pelo cargo superior, o destaque diante dos outros, o controle sobre as coisas e pessoas, o conforto, o acúmulo de dinheiro e bens, a preocupação em perder tais coisas. 

Mas as coisas do mundo podem me ser úteis? Quando vou saber se é, realmente necessário, ou é excesso, tentação? Voltando ao teste que Jesus fez: isso gera mais frutos para Deus? Na grande maioria das vez não vai gerar, mas a nossa mente (o diabo) vai querer buscar dizer que gera. 

Uma forma de identificar que é tentação é quando eu vejo o poder e a riqueza como indispensáveis até para realizar o projeto de Deus. 

Eu já ouvi isso: “eu busco a riqueza porque até pra ajudar os outros, eu preciso ter dinheiro”. 

Só que eu ouço isso de pessoas que já têm muito dinheiro e estão se empenhando para ganhar muito mais.

Mas eu não vejo obras para Deus compatíveis com aquela riqueza e com aquele poder que elas tem. 

Por outro lado, eu posso fazer muito para Deus sem ser revestido do poder desse mundo, de um cargo ou posição em alguma instituição, ou ser dono de uma. 

Por exemplo, pra eu aumentar o número de pessoas na minha comunidade, preciso de um cargo de destaque? Preciso de apoio político? Preciso ser uma pessoa acima de outras? Preciso ter informações secretas e privilegiadas, que os outros não têm? Preciso de uma grande soma de dinheiro para as obras? 

Pode ser que sim. Mas tudo isso pode ser só tentação do diabo. 

Pode ser que seja necessário só que eu dê um exemplo de vida convincente, veja todos como irmãos e tenha a humildade de buscar os irmãos, torná-los amigos e próximos, me unir a eles.

Essa reflexão não é fácil. Mas é necessária. 

Quando o diabo oferece o poder e a riqueza, ele quer mostrar que nós já não os temos. O que não é verdade. Nós temos o poder de nos transformar e fazer o mesmo com o mundo. Fazer os planos de Deus. É o que Jesus ensinou no seu encontro com o diabo. 

Pai, peço que eu me sinta sempre e poderado, mesmo sem o poder nem as riquezas do mundo.

Que eu faça as suas obras onde eu vá, mesmo sem ser o líder, mesmo, ainda, sem prestígio nenhum. 

E que eu faça o que for possível com o que eu tenho de recursos materiais hoje. 

Voltando à Bíblia, por fim, Jesus mandou que o diabo fosse embora e ele foi. Porque Jesus sabe que tem autoridade. E nós também sabemos que temos, em nome Dele. Vendo o diabo querendo agir, devemos repreendê-lo e expulsá-lo, em nome de Jesus.

Como isso é poderoso! Não estamos sós. Temos poder! Não o do mundo, mas o de Jesus, no nome Dele, quando pedimos ao Pai.

Quando o diabo vai embora, os anjos de Deus servem a Jesus. Logo, os anjos não vêm nos servir nas nossas necessidades físicas e espirituais quando o diabo está agindo em nós, nos provando. E faz sentido, porque é preciso que estejamos na escassez do deserto para passarmos por esse exercício espiritual de confirmação da nossa vontade de continuar com Deus. 

Mas os anjos retornam quando nós renunciamos às tentações, expulsamos o diabo e pedimos a presença de Deus no seu Espírito Santo, nos seus anjos e santos irmãos. 

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